sábado, 16 de janeiro de 2010

Capítulo I - Antes de Pegar a Estrada

Acredito que na vida a pessoa deve fazer aquilo que lhe traz satisfação em viver. Fixo nesta ideia, mantive o pensamento voltado para meus dois principais projetos, o de andar de skate e o de escrever livros. Tudo o que era de melhor ainda estava por vir, unir as duas coisas em uma só. Escrever um livro sobre skate.

Antes de "botar o pé na estrada", tive que ficar parado sem andar de skate, mais de dez anos, tempo que utilizei para concluir alguns cursos que me prepararam para escrever, logo depois de concluí-los, busquei uma maneira de voltar a andar de skate vertical e sem pensar muito para não estragar, fiz uma busca na internet atrás das cidades que continham as melhores pistas de skate do Brasil.

Na busca por pistas, procurei as que mais gostaria de andar. Então refinei a pesquisa visando pistas da modalidade skate vertical. São pistas com no mínimo, 3,50 m de altura, os Half Pipes ("meio tubos") em forma de "U", ou Bowls (bacias) que se parecem com picinas. Ambas, pistas com transições em curva que atinjam um ângulo vertical (90º) no término da parede em relação ao solo, distinguindo a modalidade.

Encontrei na Web alguns sites com várias dicas de pistas e embora alguns descem os endereços e as dimensões das pistas, estes sites não estavam atualizados, então, não se sabia como estariam as condições para uso. Corria-se o risco das pistas não estarem mais nos locais indicados por terem sido desmontadas ou levadas à serem montadas em outra localidade; poderiam mesmo estarem quebradas ou sem coping (cano que dá acabamento à borda superior da parede vertical da pista), como foi o caso num mini half pipe que conferi na cidade de Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, um ano antes. Este mini half conheci depois que uma morena que namorei mudou-se para a praia de Ingleses, naquela cidade.

Por causa dos buracos e da falta do coping a sessão não rolou nesta pista, mas na skatepark (pista de skate) da beira mar sim. Emprestei a ex-namorada um roller de minha irmã, que estava jogado no porta-malas do carro. Embora o sol escaldante do final de janeiro tenha lhe causado uma leve insolação, obrigando-me a levá-la ao hospital, no final tudo acabou bem.

Esta skatepark da beira mar é muito boa, porém, somente possui uma área de street e duas mini ramps com transfer, e também não há local com sombra. Motivo da insolação. Outro ponto negativo foi não haver nenhuma placa indicando para que lado fica o hospital, principalmente porque se trata de uma área de risco em uma cidade turística.

Assim, porque tive a experiência de achar este mini half pipe quebrado, sabia que ir com algumas indicações da Web era um risco a correr. Mas tinha que decidir logo a qual cidade ir e qual pista conhecer primeiro.

Tentando recordar onde havia pistas as quais gostaria de conferir, lembrei logo das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, pois na época em que ainda andava de skate (início dos anos 90), estes eram os lugares onde haviam os melhores picos.

Infelizmente não tinha endereço de nenhuma skatepark e lembrava vagamente de algumas pistas, como o famoso bowl do Arpoador no Rio de Janeiro. Sabia que, de tempos em tempos, sempre montam pistas para eventos em algumas praias e sabia também que haviam pistas de boa qualidade em São Paulo, porém, não sabia exatamente onde.

Foi aí que a Internet facilitou e como antes havia imaginado, São Paulo e Rio de Janeiro foram as cidades que mais encontrei indicações de pistas de vertical, half pipe e bowl. Na pesquisa, encontrei também dentre as mais altas, um Half pipe na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná e outra em Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Mas tinha dúvidas quanto ao lugar aonde ir primeiramente, então meus outros objetivos acabaram resolvendo por mim.

Decidi pelo Rio de Janeiro, pois além daquela cidade possuir um grande número de pistas, lá também poderia encontrar uma instituição com a cadeira que precisava para concluir o curso de pós-graduação em Processos do Envelhecimento. Também havia um curso de Autor e Roteirista em uma faculdade na Barra da Tijuca, pelo qual me interessei na época, pois, como estava trabalhando em um livro sobre ditos populares, este curso seria ótimo para reforçar o background. Além disso, atualizar-se ou manter-se estudando sempre é bom, pois conhecimento nunca é demais.

Negociei o final do estoque de uma loja que possuía, o carro que tinha recém estraçalhado em uma batida e um parapente para quitar contas. Vendi todos os móveis de casa - incluindo a cama que dormia - para ter certeza absoluta de que não retornaria mais e sempre seguiria em frente, acontecesse o que acontecesse, pronto para encarar a dificuldade que encontrasse. Coloquei o imóvel para alugar, calculei a renda dos aluguéis, juntei o dinheiro da venda dos móveis usados e em outubro de 2007 decidi ir mesmo sozinho andar de skate pelo Brasil. Saí com "um skate na frente e uma 'mucha' de 'equipas' atrás", rumo às pistas de skate vertical do Brasil.

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